quarta-feira, 4 de julho de 2007

MUDANDO DE RUMOS


Poucas horas depois do lançamento do Hino do Pan, o "'samba exaltação" composto pelos paulistas Arnaldo Antunes e Liminha foi criticado ontem por sambistas do Rio.
Veja alguns depoimentos:
"Escutei o samba apenas uma vez e não gostaria de falar sobre ele. O que não dá é colocar um roqueiro para compor. Se é para brincar, vamos brincar direito. Eles tinham que chamar um sambista. A idéia foi infeliz", disse o cantor Neguinho da Beija-Flor.
"Achei uma merda", Zé Pereira ( in memoriam )
"A consubstanciação da nimismética trans-ovacional do negro baiano, na cadência da Nagô e Mãe Menininha do Gantois, quando expressada na fungistética ortodimensional joãogilbertiana de Angola, produz o efeito de doze bombas H", Gilberto Gil, ministro e amigo de Caetano, ou não.
"Banana de pijama", Luana para Caetano.
"Ou não", Caetano.

O hino, que também tem uma batida funk no meio e foi gravado pela bateria da Beija Flor.
"Achei que o batidão nervoso faz a tchutchuca soltá o requebra até o chão, virando tudo cachorra", MC Toninho.

Escritor e compositor, Nei Lopes apontou uma gafe dos letristas do hino. "'Avise aos rapazes que "keto", "nagô" e "iorubá" é a mesma coisa. O povo de Ketu pertence à grande nação Iorubá, cujos membros são também conhecidos no Brasil pelo nome "nagô", que é até meio pejorativo". disse o autor do "Dicionário Banto do Brasil" e da "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana", referindo-se ao trecho da letra "ketu e angola, jeje nagô e yorubá(...)/Todos vieram à beira da praia para saudar/o amor de Guaracy e Yemanjá".

Já o baterista Wilson das Neves aprovou o "samba exaltação". "A gente faz o que sabe. Se ele sabe fazer rock, também sabe fazer samba. O Arnaldo é uma alma boa. Se a alma é boa, a música deve ser boa", disse o sambista, parceiro de Chico Buarque.
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Certo. Nós fazemos rock e vamos fazer samba. Funk, qualquer um faz. Deu pra estudar toda a história do Brasil afro nas linhas acima. Então, agora, vamos lançar o hino do PAN, versão Zé Pereira:
Solta a batida aê, cumpadi!
Foi nos idos tempos de Zabelê
A bebê da nossa Baby do Brasil
Que Jejê escutou Katinguelê
E disse: derê é a puta-que-pariu
Guaracy num rima com guaraná
Dá no mesmo: ketu, nagô, iorubá
Porque se for só para avacalhar
Nóis rima Maracanã com Iemanjá
Dois mil e sete tem Pan-americano
Tem bufunfa por baixo dus pano
Tem bugunzá para dodô haitiano
E só bronze pro futebol este ano
Mão na cadeira, só as cachorra!
Ogum, xangô, iansan, emo e exu
Vai ter natação lá no Piscinão
Vai ter corrida de Caveirão
Vamo desviar mais de dez milhão
E o resto que vá tomar no c*
Olê-lê, olá-lá, se a canoa não virar
Olê-lê, olá-lá, se o avião decolar
Olê-lê, olá-lá, se traficante deixar
Olê-lê, olá-lá, se a CPI não arquivar
Olê-lê, olá-lá, se americano arriscar
Olê-lê, olá-lá, se tem Cicarelli no mar,
Olê-lê, olá-lá, se argentino se ferrar
Olê-lê, olá-lá, se o bom Chavez deixar
Olê-lê, olá-lá, se a Copa vier pra cá
Olê-lê, olá-lá, se o Fidel empacotar
Olê-lê, olá-lá, se relaxar e gozá,
Eu chego lá.
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Mais um hino nacionalista, hein?
Felipe Pereira, da redação.